domingo, 31 de agosto de 2014

minguante


Como confessar que é o fim? E que já não há mais amor, ou paciência ou esperança. Que já não há mais vontade de esperar pelo dia de amanhã, pelo dia da solução, da salvação, pelo preenchimento do ponto de interrogação, pelo dia em que tudo volta a ser como antes havia de ser, como era antes, antes do fim. Essa angústia que se atravessa dia após dia, da dúvida, da incerteza, da insatisfação, da ausência de amor, da insuficiência de amar; cortante, dolorida e perversa; mais perversa que o amor platônico, que o amor de amante, que o amor traído. É a dor da falta de amor...de um amor que acabou, de um amor mal sucedido, de um amor que atingiu o cume da montanha e foi perdendo oxigênio, minguando, minguando, minguou e, assim, caiu e morreu.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

sem amor, tâmara

não se trata de amor. mas se trata de um homem e uma mulher, de repente os dois juntos, por um minuto, uma hora, quatro horas, não importa: a intensidade do momento, e o movimento dos corpos um.com.o.outro, estão alheios ao tempo, que dá fim a tudo que tem um começo. E é aparentemente o fim quando os dois gozam. mas a memória se encarrega de tornar os dois, em suas lembranças, independentes um.do.outro, por um dia ou um mês ou dez anos,indeterminadamente-um.do.outro-, no brilho eterno do tempo.

sábado, 4 de agosto de 2012

um tempo que refaz o que desfez

que recolhe todo sentimento, e bota no corpo uma outra vez....


sábado, 31 de março de 2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

na 99.9 no engarrafamento de hoje

- por favor, não esqueça
- não esqueço, não esqueço
- adeus
- adeus

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

nostalgia é...

Sábado era dia de ouvir o cd de tom, toquinho,vinícius e miúcha no canecão. Era dia de sentar no chão, no tapete, com meu pai, e de ficar olhando para  ele cantando que era sábado, e que o outro dia seria domingo, e que não havia nada como o tempo para passar. Mas não. Não haverá mais sábados, mais sábados como aqueles. Como poderão haver novamente sábados que passem como uma música, como uma tarde em itapuã, como num ritual mágico em que a magia está na repetição? Dentro de um mês de quatro sábados, se apenas uma vez acontecesse tudo isso, apenas um sábado o mês teria, e que valeria pelos quatro outros sábados. O sábado para mim era o mais próximo do que eu entendia de lar, de família, de paz; representava a perenidade de um rio que passava dentro de minha casa, pois era sábado, e eu sabia que estaria ao ao pé do meu pai cantando que era sábado, e que o outro dia seria domingo, e que meu irmão reclamaria da música, "pois todos os sábados eram a mesma coisa", enquanto minha mãe prepararia o almoço, e eu apenas estaria sentada no tapete do chão, ao pé do meu pai, sendo feliz sem nem saber por qual motivo, talvez por ainda ter um coração  que desconhecia o sofrimento e tantos outros sentimentos que eu preferia que ele nunca tivesse conhecido; e que ansiava apenas pela repetição de sábados como aqueles. E de repente me dei conta de que já há dez anos não ha mais sábados. E não é que eu me lembre do último sábado. Só que, de repente, me dei conta de que o momento crítico do fim de uma repetição é quando não se pode identificar exatamente em que dia ou momento os sábados deixaram de existir, o momento do hiato, da interrupção, do desmembramento, do corte: da ausência. Não sei bem se, essa ausência de sábados, existe pelo fato de que os sábados foram tirados de mim...os sábados não foram simplesmente passando e se adequando à novas realidades; eles foram tiradas de mim abruptamente, e não é algo que se consiga  acostumar, como quando a mãe tira a chupeta do filho e joga fora, e com o tempo ele vai esquecendo. Esses sábados eu jamais esqueço, jamais esqueci; eles são a parte de mim que eu não quero jamais esquecer, a parte de mim que tem memória, e que me lembra uma água cristalina, e eu mergulhada nela, sem vergonha, medo, raiva ou dor...mas completa, ao pé do meu pai, e minha mãe na cozinha, meu irmão reclamando - e a música na altura que dizia que "não há nada como o tempo para passar(...), o amanhã não gosta de ver ninguém bem, hoje é que é o dia do presente, o dia é sábado!".

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

"O que é uma vertigem? Medo de cair? (...) É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual logo nos defendemos aterrorizados (...) Era a sua vertigem: ela ouvia um chamado muito doce (quase alegre) para renunciar ao destino e à alma. Era o chamado da solidariedade com os sem-alma e, nos momentos de fraqueza, ela sentia vontade de responder a ele e de voltar para a mãe. ( Insustentável leveza do ser, p.61)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

daqui a 5 anos ou daqui 5 anos?

ainda não sei a resposta exata para minha dúvida. Não sei se aprendi errado ou se, simplesmente, há duas formas de construção da expressão"daqui a". Tenho visto por aí, com frequência, usarem-na sem a presença do "a"...confesso que me incomoda um pouco não saber a resposta e, principalmente, o resultado sonoro disso numa frase.



domingo, 8 de maio de 2011

"é preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte". (em A queda de A. Camus)

cadernos da adolescência




"Eu ando pelas ruas sorrindo. Algumas pessoas devem me achar tola, mas ma maioria nem se importa. São poucos por aqui que, quando andam pelas ruas, se preocupam em ver o rosto dos outros. Mas eu sei que em outro lugar, também há um rosto que sorri pelo mesmo motivo que o meu. Eu não o vejo, mas sei que ele sorri, e o seu sorriso é o que me faz viver". 

domingo, 4 de julho de 2010

todo esse silêncio interior em vez de acalmar, me agita - e cansa corpo e mente. Já procurei em todas as palavras a cura para esse silêncio insone, mas nenhuma consegue traduzí-lo. nem ninguém. nem gestos. nem sequer ruídos. Se ao menos eu pudesse latir...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

assumida



Não vou mentir: nunca me achei gorda; sempre gostosa. Mas resolvi me pesar essa semana e, de acordo com os números da balança, estou com 82.500 kilos, ou seja, não tenho mais como enganar meu cérebro:  estou realmente gorda. É o peso do meu pai, do meu irmão, e de mais de um monte de homens aí muito mais altos que eu, e que eu também considero gordos. As mulheres geralmente pesam bem menos que eu. Fiz uma mini-pesquisa de campo e a maioria das menina pesa entre 50 e 65 kilos, estourando. Conclui, obviamente, que devo perder cerca de 20 kilos pra entrar nessa médias aí. Fiquei realmente assustada com os números - mas confesso que demonstrei até certo exagero que não é verdadeiro de todo. De qualquer modo, comecei uma dieta com exercícios. Reconheço os pontos positivos de não ter tanta gordura no corpo:questão de saúde, de qualidade de vida. Nada muito exagerado.  Enquanto não chego a meu peso  saudável, relembro internamente algumas cenas de Deb, no corpo de Jane, no seriado Drop Dead Diva, que também se descobriu gorda de repente, mas se assumiu lindamente. Afinal, esse é o corpo que me pertence, e por mim devo fazer o melhor com ele - gorda ou magra!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Lawrence da Arábia : é só uma questão de ir!

Vontade de ler "Os setes pilares da sabedoria "ou qualquer outra biografia sobre Lawrence.  Homem cuja vida inspirou  esse filme de cerca de 4 horas emocionantes no deserto da arábia. O Direitor é David Lean  com atuação de Omar Sherif, bem como acontece em Doutor Jivago. Aliás, Doutro Jivago é outro dos filmes que quero ler.

Esse eu levei uma madrugada e um dia inteiro, entre cochilos e pesadelos. Prmeiro filme do ano. Lawrence desobediente e culto; corajoso e sensível; Foi encaminhado à contragosto pelo general inglês para uma expedição de investigação do príncipe Faiçal - tarefa vaga. No percurso perde o amigo beduíno, aquele lhe ensinou a suportar as primeiras intempéries da seca travessia, que foi morto porque bebeu água do poço de tribo rival. Chega ao encontro do príncipe e diante dele se propõe a  fazer o impossível, afinal, tudo "é só uma questão de ir";vai enfrentar o que consideram o pior deserto do mundo, o Nesfud: atravessar uma giagante bigorna de sol. No caminho, demonstra  heroísmos, superações, "não estava escrito", amizade, lealdade, fraqueza, franqueza, "estava escrito", outras perdas pro destino. Desiste, resiste, insiste, vence a guerra e  transforma-se num novo herói para além da arábia, um possível novo profeta. E passados alguns anos, morre estupidamente em um acidente de moto, sendo plenamente reconhecido por esses dias no deserto, e já morto, "de mortius nil nisi bonum".

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Conversas Íntimas não Privadas

Descobri que adoro conversar comigo mesma, questão de intimidade, afinidade, empatia - falo e consigo escutar bem. Logo, para explorar um pouco mais esse meu potencial dialógico, mas de forma que eu saia  um pouco do mero diálogo íntimo-privado, para um diálogo não privativo, decidi criar este blog: "Conversas íntimas não privadas". Aproveitem da maneira que queiram, afinal, ainda que não privados, pensamentos continuam a ser íntimos, ou melhor, livres. Die Gedanken sind frei. E a frase "Die Gendaken sind frei," a despeito de ser  referência à uma música alemã, foi-me introduzida por minha amiga Luiza, há uns 7 anos atrás, através de um marcador de livros.  Traduzindo significa que "o pensamento é livre";e eu não falo alemão, mas tenho muitos e muitos desejos.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Caravaggio: sem esperança, sem medo

Caravaggio (1986) é  mais um dos filmes "raros", e com preços bem acessíveis.  Um dos que há tempos queria ver, e sempre tive preguiça (uma palavra proibida a partir de hoje). São 88 minutos de muito drama  e dedo no pause e no review, porque a maioria das cenas é bastante confusa, e com vários cortes entre  vida e leito de morte do pintor (1571-1600). Além disso, a narrativa  é formada por cores intrigantes, de tons escuros, principalmente de um vermelho-sangue que não quer sair da minha cabeça, e de toda uma poesia impregnada na sujeira que parecia ser a Itália dos séculos passados; uma Itália santa-profana que entre as várias referências biblícas  deixava predominar o legado de Baco: "Vi Deus no vinho, e o alojei em meu coração". O filme assustadoramente consegue dar vida às telas de Caravaggio ...assustadora e adoravelmente com perfeição. No entanto, nem mesmo com atuações tão boas foi possível  ressucitar Caravaggio, cuja vida pareceu ser miseravelmente vivida, apesar de tanto talento.

domingo, 27 de dezembro de 2009

shakes shakespeareanas

Desta vez é com Rei Lear (p. 52, L&PM, 1997), para Fabíola
(...)
Kent diz: Senhor, meu natural é ser franco; já vi em minha vida caras melhores do que as que estão nesse instante em minha frente, nesses ombros. 

Cornualha responde: Deve ser um desses pobres diabos que, uma vez louvado por não ter papas na língua, passa a usar sempre uma franqueza insolente, forçando a própria natureza. Ele é incapaz de adular, ele só! Um espírito simples e honesto; só fala a verdade verdadeira! Se os outros o aceitam, muito bem; se não, ele foi franco! Eu conheço esse tipo de canalha que, em sua franqueza, esconde mais perfídia e corrupção do que vinte bajuladores cheios de salamaleques indecentes se matando pra exercer seu servilismo.
(...)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

surpresa, é natal!

Neste ano cheio de surpresas, a maior delas foi descobrir-me em véspera de natal sem qualquer "espírito natalino". Desde que tenho memória, adoro esta época do ano: os sentimentos de renovação e esperança, as confraternizações, presentes, pessoas, músicas. Mas as músicas tem sido as primeiras a me enjoar, especialmente as cantadas por Simone (no CD 25 de dezembro). De qualquer forma, FELIZ NATAL!

Fazendo um esforço médio, cheguei ao mais remoto Natal  que minha memória tem registro - o de 1993! Lembro poucas coisas, fatos soltos: muita gente reunida no estacionamento do prédio onde morava na época, um amigo secreto, o desejo de que aquele momento se repetisse, e uma boneca com uma moto elétrica que ganhei de presente,  linda, linda, e que nunca esquecerei!

E quanto a 2009, só consigo definí-lo com uma palavra: passageiro. Tantas coisas aconteceram, e foi tudo tão rápido, que tive pouquíssimas oportunidades de avaliar se eu realmente estava (estou) no caminho que eu queria (quero). Neses últimos dia do ano então, pensando um pouco sobre tudo que aconteceu e nos planos para o futuro, esperarei tranquiiiilamente por 2010 =... Pode vir sem pressa, 2010!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

luz, quero luz!

Vou desabafar, desabar...Tô morrendo de sono mas não consigo dormir; na TV  mais uma  das entrevistas idiotas de Jô Soares e não tô a fim de ler. Resolvi escrever. Acho que essa semana tô descarregando todos os insucessos do semestre 2009.2 - foram muitos-, e isso me deixou sensível pra caramba... tão sensível que  descobri que não suporto mais o meu estágio. =( Ainda bem que tá acabando! Nesses últimos dias do ano, eu só peço paciência... PACIÊNCIA.

Também tem outra coisa que tem me incomodado bastante: a luz da sala daqui de casa queimou já faz mais de um mês e ninguém trocou, nem eu. Isso é realmente preocupante! Somos 3 moradores e, se otimista, acredito que cada um esteja apenas esperando, um pelo outro; se pessimista, que ninguém aqui se importa com nada nem com ninguém. Assim,  para além das suposições, aceito a  ideia de que quem  mais precisa de luz, nesse momento, sou eu  mesma,  e prometo amanhã comprar uma lâmpada...Luz, quero luz!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ângela, anjo solto

Tentei enfiar o dedo no meu cu, o indicador. Assim começo essa história, um desabafo. Quando estou excitada viro bicho, cadela no cio, quero tudo, quero todos,  e senti vontade de enfiar o dedo no meu cu. Mas não.

Não tenho ninguém e nenhum me tem, ou teve ainda. Sou curiosa  mas covarde, covarde e curiosa ao mesmo tempo, e com tanta intensidade, que eis o resultado do que sou: a virgem mais puta de que tenho notícia; das outras eu não tenho notícia.

Sou puta e sou virgem e me dou conta disso, geralmente, em frente ao espelho, quando me bato na cara e grito alto: Puta! Devassa! Pecadora! Libertina! Virgem dissimulada. Normalmente agressões verbais não me deixam excitada.Mas essas, essas sim, me deixam, simplesmente, excitadíssima!


Instantâneamente molhada, molhadíssima, masturbo-me ali mesmo em pé, de frente pro espelho, bem em frente de mim, e me excito ainda mais ao ver na minha cara cheia de prazer, a própria cara do prazer de mim mesma. Não vou mentir: me acho uma gostosa.
Canhota que sou, a mão esquerda escorrega acertadamente entre minhas pernas, entre meus  grandes lábios. Ambos. Os de baixo e os de cima - tato, paladar e olfato, juntos, em uníssono. Gozo fácil fácil.

Depois, com a minha memória mais recente, que é a do cheiro do meu corpo, corpo do meu desejo, desejoso de mim , sozinha, no alcance do meu limite de virgem puta, faço meus agradecimentos pela vida, oro; peço sempre mais paciência e perdão, tenho ânsia e luxúria, e vou dormir com as mãos sujas, mas serena como um anjo. 

Ainda não foi nesse dia que  consegui enfiar o dedo no meu cu. Doeu um pouco e eu desisti . Eu, pobre corajosa e  limitada  fisicamente como sou, para além da minha rica covarde imaginação ilimitada que,por hoje, é o que tem a dizer.

sábado, 31 de outubro de 2009

causa sagrada

profundo, eu achei.

-Sim - disse eu-, hoje, antes de você chegar, eu estava olhando do jardim os trabalhadores do campo, e de repente fiquei tão constrangida porque eles trabalhavam e eu estou tão bem que...
- Não me faça coquetismo com isto, minha amiga - interrompeu-me ele, de repente sério, mas fitando-me com carinho nos olhos-, é uma causa sagrada. Que Deus a livre de exibir-se com isto.

p. 31, felicidade conjugal, lev tolstói

domingo, 25 de outubro de 2009

ilusão

tudo é ilusão/pecadora . Aqui vai o link da música "tudo é ilusão", cantada lindamente por Maria Bethânia e Paulinho na viola. O clipe em questão faz parte do DVD Saravah, produzido por Pierre Bahou (o do filme "um homem, uma mulher", é! ), que desde 2006, quando comprei , não paro de ver e rever, em constante aprendizagem :  sofrer que nada, amor que nada, eu quero é ser livre pra amar - quantos e quando eu quiser ,- prazerosamente volúvel! Eu só espero que, quando e se isso acontecer, eu ainda tenha dignidade, escrúpulos, valores, felicidade... ilusão, ilusões.

sábado, 22 de agosto de 2009

íntimo flagra-da-mente

janis joplin no som e eu nua, distraída, debaixo do chuveiro, intimamente distraída, lavando minhas calcinhas, distraidamente, sem perceber que alguém me olhava, alguém me olhava.
...
...
foi assim. Que susto levei!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

cara A tapa

Decepcionada não. Mas envergonhada, me reconhecendo mais do que nunca, eu olhei para o espelho e disse: "Agora já era , poetisa. JÁ PASSOU! E então, aliada do tempo, mais uma vez, senti-me aliviada.É isso.

sábado, 8 de agosto de 2009

ainda o livro dos prazeres

(...)No entanto era o seu pavor de uma possível intimidade de alma com Ulisses o que a deixava irritada com ele. Estaria na verdade lutando contra a sua própria vontade intensa de aproximar-se do impossível de um outro ser humano? Ah, que não fosse mais a dor, e ajudava Ulisses aplicando-se depressa em aprender — o quê? — por medo de que ao final ele achasse que já era tarde demais para ela e recuasse gentilmente. Parecia-lhe no entanto que ela própria dificultava a missão de ambos. Porque embora sem saber o que queria, além de um dia vir a dormir com ele, adivinhava que seria algo tão difícil de dar e receber que ele talvez se recusasse.

A própria Lóri tinha uma espécie de receio de ir, como se pudesse ir longe demais — em que direção? O que dificultava a ida. Sempre se retinha um pouco como se reti-vesse as rédeas de um cavalo que poderia galopar e levá-la Deus sabe onde. Ela se guardava. Por que e para quê? Para o que estava ela se poupando? Era um certo medo da própria capacidade, pequena ou grande, talvez por não conhecer os próprios limites (...)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

uma aprendizagem ou o livro dos prazeres

...no começo Lóri enganara-se e pensara que Ulisses queria lhe transmitir algumas coisas das aulas de filosfia, mas ele disse: "não é de filosofia que você está precisando, se fosse seria fácil: você assistiria às minhas aulas como ouvinte e eu conversaria com você em outros termos"...